Powered By Blogger

domingo, 3 de agosto de 2014

Conclusões e Crédito Final*

Crenças Silenciosas





Capítulo Final: Conclusões e Crédito Final*


Esses conflitos entre várias de nossas crenças e um saber estabelecido indicam a principal circunstância em que somos levados a mudar de atitude. Quando uma crença contradiz outra ou parece incompatível com outra, ou quando aquilo em que sempre acreditamos é contrariado por uma outra forma de conhecimento, entramos em crise. Algumas pessoas se esforçam para fazer de conta que não há problema algum e vão levando a vida como se tudo estivesse bem. Outras, porém, sentem-se impelidas a indagar qual é a origem, o sentido e a realidade de nossas crenças.
É assim que o conflito entre minha vontade e as regras de minha sociedade me levam a colocar a seguinte questão: sou livre quando quero ou faço algo que contraria minha sociedade, ou sou livre quando domino minha vontade e a obrigo a aceitar o que minha sociedade determina? Ou seja, sou livre ao seguir minha vontade ou quando sou capaz de controlá-la? Para responder a tal questão, precisamos fazer outras perguntas, mais profundas. Temos de perguntar "O que é a liberdade?", "O que é a vontade?", dentre outras.
Isso também ocorre com as experiências do tempo parado e do tempo veloz a do tempo marcado pelo relógio nos levando a indagar: "Como é possível que haja duas realidades temporais diferentes, a marcada pelo relógio e a vivida por nós?", "Qual o tempo real e verdadeiro?" a resposta a essas perguntas esta consistente a outra indagação: "O que é o tempo?"
Do mesmo modo, a diferença entre nossa percepção da imobilidade da terra e mobilidade do sol e o que ensina a astronomia leva-nos a perguntar: "Se não percebemos os movimentos da terra e se nossos olhos se enganam, será que poderemos sempre confiar em nossa percepção visual ou devemos sempre desconfiar dela?", "Será que percebemos as coisas tais como elas são?"a resposta a essas perguntas também está na indagação: "O que é perceber?"
O que está por trás de tais perguntas? O fato de que estamos mudando de atitude ao buscar as suas respostas. Quando o que era o objeto de crença aparece como algo contraditório ou problemático e por isso se transforma em indagação ou interrogação, estamos passando de atitude costumeira à atitude de compreensão de nossa vida.
Essa mudança de atitude indica algo bastante precioso: quem não se contenta com as crenças ou opiniões preestabelecidas, quem percebe contradições e incompatibilidades entre elas, quem procura compreender o que elas são e por que são problemáticas está exprimindo um desejo, o desejo do saber.
Como se notou ao longo de todos os capítulos desta série, nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, da aceitação de coisas e idéias que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. Cremos na existência do espaço e do tempo, na realidade exterior e  na diferença entre realidade e sonho, assim como na diferença entre sanidade mental ou razão e loucura. Cremos na existência das qualidades e das quantidades. Cremos que somos seres racionais capazes de conhecer as coisas e por isso acreditamos na existência da verdade e na diferença entre verdade e mentira; cremos também na objetividade e na diferença entre ela e a subjetividade. Cremos na existência da vontade e da liberdade e por isso cremos na existência do bem e do mal, crença que nos faz aceitar como perfeitamente natural a existência da moral e da religião. Cremos também que somos seres que naturalmente necessitamos de nossos semelhantes e por isso tomamos como fato óbvio e inquestionável a existência da sociedade com suas regras, normas, permissões e proibições.



J.R. Michel Monteiro                            Domingo, 03 de Agosto de 2014                                        Blogger

*Todos os capítulos desta série tiveram suas base e fundamentos retirados da obra  Convite à Filosofia. Marilena Chauí. Ed. Ática. 13ª Edição. São Paulo. 2010 (pag.13-18) sendo modificado  e adaptado em cada redação conforme os temas de cada capítulo.




Capítulo 1: Introdução a crenças
Capítulo 2: Crenças Silenciosas: Tempo vs Espaço
Capítulo 3: Crenças Silenciosas: Realidade vs Sonho
Capítulo 4: Crenças Silenciosas: Razão vs Loucura
Capítulo 5: Crenças Silenciosas: Qualidade vs Quantidade
Capítulo 6: Crenças Silenciosas: Causa vs Efeito
Capítulo 7: Crenças Silenciosas: Visão vs Percepção
Capítulo 8: Crenças Silenciosas: Verdade vs Mentira
Capítulo 9: Crenças Silenciosas: Objetividade vs Subjetividade
Capítulo 10: Sociedade vs Necessidade de Semelhança
Capítulo Final: Conclusões e Crédito Final

--------------------------------------------------- X ------------------------------------------------------



Nenhum comentário:

Postar um comentário